25/04/2024

Conscientização do Autismo: confira relatos profissionais e pessoais sobre essa condição

Os transtornos do espectro do autismo (TEA) é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS)   como “um grupo diversificado de condições, caracterizados por algum grau de dificuldade de interação social e comunicação”. Neste mês de Conscientização do autismo, que ocorre em abril, em que também é celebrado o “Dia Mundial de Conscientização”, convidamos uma especialista no assunto e anunciante da Rede SerPleno para falar sobre o tema. 

Taís Verdade é neuropsicopedagoga clínica, institucional e hospitalar (registro SBNPp 13511, Arteterapeuta com registro ACAT 185/0122), Especialista em Autismo, e conta com formação em Psicanálise com capacitação em Psicanálise infantil e adolescente. 

Além disso, conversamos também com a Ana Paula, mãe do Gustavo, que tem 11 anos e é autista nível de suporte dois. Ana Paula conta como é a rotina com seu filho, os principais desafios e motivações.

Continue a leitura e confira.

 

Como funciona Neuropsicopedagogia e Arteterapia em relação ao autismo?


Taís conta que na Neuropsicopedagogia ela realiza “avaliações que identificam as habilidades e dificuldades dos pacientes, utilizando intervenções e estímulos para ajudá-los a superar os desafios relacionados à aprendizagem, habilidades sociais e autoconfiança”.  

“Meu objetivo é que reconheçam e utilizem todo o seu potencial e habilidade a seu favor, dentro do aprendizado e conhecimento”. - Taís Verdade


Já por meio da Arteterapia, Taí explica que usa a expressão artística como ferramenta para auxiliar os pacientes a explorarem suas emoções, compreenderem seus sentimentos e desenvolverem habilidades sociais e cognitivas. Além disso, a profissional conta que a “Arteterapia os ajuda a enfrentar desafios emocionais, promovendo o autoconhecimento e a capacidade de regular suas próprias emoções”.

autismo

“Busquei especializações em diversas áreas para enriquecer minha prática terapêutica. Minha formação inclui arteterapia, psicanálise clínica, psicanálise infantil e adolescente, e neuropsicanálise”.  Além disso, Taís também possui especialização em Análise do Comportamento Aplicada ao Transtorno do Espectro Autista (ABA-TEA) e em Neurociência, Educação e Desenvolvimento Infantil. Também conta com capacitação em Interpretação do Desenho Infantil, Ensino de Habilidades Básicas no Autismo e Avaliações Neuropsicopedagógicas, entre outros.

“Essa variedade de conhecimentos me permite abordar de forma abrangente as necessidades individuais de cada paciente ou cliente". - Taís Verdade


 

Como é o tratamento de pessoas com autismo?


“Minha atuação na Neuropsicopedagogia e Arteterapia desempenham um papel fundamental no tratamento de pessoas com autismo”, Taís define. 

Por meio dessas abordagens, ela explica que utiliza instrumentos específicos de avaliação para identificar as necessidades individuais dos pacientes, permitindo intervenções direcionadas que visam melhorar suas habilidades e potencialidades no processo de aprendizagem.

“Ao promover a autoconfiança e o desenvolvimento das habilidades sociais e cognitivas, minha abordagem contribui para uma inclusão mais suave e, principalmente, para um aprendizado sólido e significativo”, Taís explica, acrescentando que com práticas criativas e divertidas, o aprendizado se torna mais interessante para o paciente.

 

Na prática


O tratamento começa com uma avaliação neuropsicopedagógica abrangente, que investiga tanto as dificuldades e déficits quanto as habilidades dos pacientes. Esse processo inclui desde a análise do laudo emitido pelo médico até informações pessoais, emocionais e comportamentais relevantes. As avaliações funcionam como um mapeamento completo, abordando aspectos como: memória, atenção, linguagem, raciocínio lógico, habilidades motoras e emocionais, entre outros.

Após a avaliação, são desenvolvidos programas e estratégias de intervenção, estímulos e reabilitação de acordo com as necessidades identificadas. O objetivo dessas intervenções é promover melhorias nas habilidades cognitivas, reduzir as dificuldades e facilitar o processo de aprendizado, reconhecendo as limitações individuais e estimulando as capacidades dos pacientes.

Taís explica que as abordagens que ela utiliza podem ser aplicadas de forma individual ou combinadas de maneira híbrida, sendo essa escolha feita em conjunto com o aprendente de maneira cuidadosa e com um olhar atento e carinhoso.

“O papel do Neuropsicopedagogo é fundamental no processo de aprendizagem, integrando os conhecimentos da neurociência para analisar, avaliar e intervir, capacitando o paciente em suas habilidades com foco no aprendizado e embasado na cognição” explica a Arteterapeuta e neuropsicopedagoga. “Os profissionais NPP, atuam também equipes multidisciplinares, complementam o trabalho conjunto para acolher e intervir em todos os transtornos ou déficits que possam existir, além das questões relacionadas ao aprendizado", finaliza.

Na visão de Taís, a Arteterapia é uma ferramenta valiosa para pacientes com autismo, permitindo a expressão por meio de materiais artísticos, indo além do desenvolvimento criativo. Este processo criativo melhora o bem-estar mental e físico, auxilia na regulação das emoções, na resolução de conflitos, no aumento da autoestima e no autoconhecimento emocional, conforme as necessidades individuais de cada paciente.

“Para os autistas não verbais, a Arteterapia oferece uma maneira confortável e visual de expressar e controlar emoções, permitindo uma comunicação transformadora”, finaliza.

Em seus atendimentos terapêuticos, Taís busca proporcionar um ambiente acolhedor, integrando diferentes abordagens, com o objetivo de promover o bem-estar e o desenvolvimento de cada indivíduo de maneira eficaz.

 

Do outro lado


Até aqui, Taís explicou como funciona o tratamento de uma criança com autismo do seu ponto de vista profissional; do outro lado desse contexto, está Ana Paula, mãe de uma criança autista, que conta como é sua rotina, relembra a descoberta do diagnóstico e como foi o início do tratamento adequado.

Ana Paula tem 42 anos, é formada em imobilizações ortopédicas e mãe dos Gustavo e da Ana Carolina. Atualmente, ela trabalha como representante comercial da Rede SerPleno. Como profissional da área da saúde, ela já tinha uma escala de trabalho com pouca flexibilidade.

Para conciliar a vida profissional com o tratamento do filho Gustavo, Ana Paula conta que teve que trocar o horário fixo para um horário flexível, cobrindo folgas. “Cada dia, um horário, para acompanhar o meu filho no seu tratamento. Então, posso dizer que tudo mudou”.

Gustavo tem 11 anos, é autista nível de suporte dois, tem atraso na fala e seletividade alimentar. “Ele é uma criança extremamente feliz, amorosa, sua maior qualidade é a sua sinceridade. Diferente de alguns autistas, ele gosta de passear, ama shopping center. Também ama assistir desenhos, seu hiperfoco são os dinossauros”, conta. 

Entre as dificuldades da rotina, Ana Paula aponta a seletividade alimentar. Ela explica que Gustavo se alimenta de produtos industrializados, normalmente secos e da cor amarela ou laranja, não bebe água, não come comida natural. No entanto, Ana Paula não hesita em apontar que a maior dificuldade é o preconceito.

“Tenho muito orgulho de ser mãe do Gustavo. Sou apaixonada pela sua sinceridade e sua simplicidade. Cada conquista dele é a minha conquista.” - Ana Paula.


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O diagnóstico


“Para quem tem um filho autista a primeira coisa que muda é a sua visão”, Ana Paula define. “A sua maneira de ver a vida fica diferente, você aprende a olhar com empatia. Quando percebi que o meu filho estava dentro do espectro autista veio a dor, eu me permiti viver o meu luto. Chorei muito, algumas vezes me desesperei, me deprimi. Procrastinar, não aceitar, ter vergonha, esconder o meu filho”, relembra.

“Mas um dia ouvi uma frase que mudou tudo: quando você aceitar que seu filho é autista, ele vai receber o tratamento que ele necessita. Então, me levantei, eu tinha dois caminhos”.

 

O tratamento


“Lutamos muito para conseguir o diagnóstico, um tratamento adequado, uma escola que desse o suporte necessário, que respeita a inclusão” Ana Paula conta que atualmente Gustavo frequenta escola regular com suporte de uma pessoa auxiliar, que o acompanha o tempo todo, além de terapia semanal.

Nessa transição para o tratamento e para a inserção da educação em uma escola, Ana Paula lembra que houve dificuldade, “tirar ele do mundo dele, fazer com que ele entendesse que tinha um mundo maior, uma vida além do autismo”.

Sobre o dia a dia, Ana Paula explica que o autista segue a rotina e quando é tirado dela, ele se desorganiza, “isso é intenso e muitas vezes cansativo”, conclui.

“Minha maior motivação é o amor que eu sinto por ele, cada conquista dele é também minha conquista; é ajudá-lo a ter cada dia mais autonomia, até mesmo em tarefas simples do dia a dia” -  Ana Paula.


 

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