29/02/2024

Psicoterapia integrativa: o que é? Especialista explica

A Psicoterapia Integrativa olha as diversas facetas de uma pessoa, contemplando o lado afetivo, comportamental, cognitivo e fisiológico. Para falar sobre o tema, convidamos uma especialista no assunto e anunciante da Rede SerPleno, Mônica Muka, Psicanalista Integrativa.

Continue a leitura e confira.

 

“O que é psicoterapia integrativa”, por Mônica Muka


Abaixo, confira a definição de Psicologia Integrativa; o texto é de Mônica Muka, na íntegra.  

A psicologia integrativa pode ser considerada como a integração entre as técnicas psicológicas; como a integração das técnicas psicológicas com outras técnicas integrativas (Floral de Bach, por exemplo), e, também, a integração de si, conforme o olhar do paciente se volta para dentro, observando a interação entre seu sentir, pensar e agir, saindo, então, do “piloto automático”.


psicologia integrativa

A psicoterapia integrativa, no que se refere a integração de técnicas, vai possibilitar trabalhar as questões do passado e suas pulsões com a psicanálise, observar como foi fixada e vivenciada até hoje através de contribuições da abordagem cognitivo comportamental e alcançar maior compreensão, alterando sua forma de se ver e estar no mundo – e isto se alinha com outras técnicas que se encaixam mediante as particularidades de cada atendido, o importante é atingir a gestalt, ou seja, a compreensão ampliada. Pode ser considerada a abordagem sistêmica, com maior abrangência de seu enfoque.


Um sistema pode ser definido como um “Complexo de elementos em interação mútua”. Esta definição pode ser aplicada para o indivíduo, para a família ou mesmo para a sociedade dentro de seu contexto sócio-cultural.


A maior diferença em relação às demais abordagens é justamente a integração das abordagens. Reúne a abordagem afetiva, cognitiva, comportamental, fisiológica e sistêmica da psicoterapia. Esta integração parte do princípio de respeitar e dar conta aos diferentes processos, linguagens e circunstâncias na vida do cliente. Estamos em uma época de estímulos, influências e desafios múltiplos somados ao tempo que parece passar mais rápido. Tudo está em transformação e transformação é um movimento contínuo dentro e fora de nós, cada um está em seu processo.


A ciência demanda experiência e constatação, sendo assim, em dado momento entendemos que as receitas alheias não são adequadas para nós, nos levando a sucessivas frustrações até entendermos que podemos traçar caminhos através das vivências e assim definir o que é melhor através das experiências e resultados.


A investigação baseada na evidência demonstra que fazer terapia adaptada às necessidades e circunstâncias do paciente, a psicoterapia integrativa, ao invés do paciente se adaptar à terapia, aumenta a eficácia dos resultados da intervenção psicológica.


“Um foco central de uma psicoterapia integrativa é avaliar se cada um destes domínios - afetivo, comportamental, cognitivo e fisiológico – está aberto ou fechado para o contato (internamente e externamente), aplicando então métodos que facilitem este contato” (Erskine, 1975, 1980, 1982a).


 

Qual foi o primeiro contato com a psicologia integrativa e o que motivou escolhê-la?


Mônica explica que é psicóloga de formação com ênfase em psicanálise, embora durante a graduação tenha estudado outras técnicas. “Todas as informações que recebia do curso foram examinadas no campo pessoal/social/familiar juntamente com a psicoterapia. Percebi que se olharmos só para o passado, ficaremos muito tempo para elaborar e transformar o presente... se ficarmos só no presente deixamos de contemplar aspectos profundos da psique”, opina.

Como base do seu trabalho, Mônica cita a psicanalista Melanie Klein, Carl Jung, da vertente fenomenológica e humanista, Fritz Perls (cognitivo) e Aaron Beck (cognitivo comportamental). “Quando dei por mim, estava em meio a diferentes abordagens, ao invés de seguir uma especialidade, até que elas se transformassem em uma”.

Para ela, foi um movimento natural e espontâneo que através dos 20 anos de formação consolidou a sua forma de trabalho. Mônica comenta que cada profissional tem sua forma de ver e lidar com o mundo interno e externo, e ela sempre teve uma força interna que a levava a compreender questões que transcendem o material sem abandonar a ciência. “As iniciações também transformaram e contribuíram para o que sou e minha forma de atuar. Note bem, até a psique transcende o material, haja visto não termos ainda nenhum equipamento capaz de examinar a psique, a consciência e seu material inconsciente”, Mônica observa.

 

Como funciona uma sessão de psicoterapia integrativa?


Mônica explica que o tratamento em psicoterapia é um processo em que o tempo e a profundidade são definidos pelo paciente. “Na primeira sessão é feito o levantamento das necessidades através do questionamento com relação ao objetivo da busca pela especialidade, seu histórico ou o ponto focal do desconforto quando há. Apresento minha forma de lidar. Se há sintonia, mantemos e damos continuidade”, complementa.

“O essencial é simples e meu objetivo é facilitar, contribuir. Os atendimentos podem ser presenciais ou online – precisamos (ainda!) acabar com os tabus do online, em que há troca e afeto tão efetivos quanto presencial aliados aos demais benefícios acerca de distância e deslocamento”. - Mônica Muka.


 

Como a psicoterapia integrativa é aplicada no tratamento de questões psicológicas e emocionais?


Conforme Mônica já pontuou, a psicoterapia integrativa é uma técnica que se molda nas necessidades de cada um, sendo assim, a integração das técnicas possibilita trabalhar as questões no histórico de vida, do passado ao atual e como isso vem contribuindo na construção do futuro e em suas relações.

“Ela se adapta ao estado emocional e circunstancial do paciente a cada sessão. O manejo proporciona maior acolhimento e essa liberdade estimula o vínculo e a confiança entre paciente e terapeuta”, explica.

Mônica conta sobre um caso significativo, em que a paciente perdeu o acesso aos remédios psiquiátricos por várias razões e principalmente por estar em outro país, ainda regularizando sua situação lá. “Após um período acompanhando-a com o tratamento, havendo períodos de crise em que me coloquei mais presente do que pontualmente nas sessões semanais, articulei as abordagens conforme seu estado e condições. Ao ter acesso ao psiquiatra novamente, ela teve redução expressiva de medicamentos por estar mais madura e consciente”.

A profissional ressalta que esse foi um caso isolado, ou seja, ela não recomenda a interrupção de nenhum tratamento. Sua recomendação, no entanto, é que as pessoas estejam mais presentes na “própria presença”, observando emoções, pensamentos sempre que possível. “Não existe milagre, o que existe são resultados cuja qualidade vai depender do esforço e comprometimento”, finaliza.

 

Existe uma área específica em que a psicologia integrativa se destaca em comparação a outras abordagens?


Para Mônica, a questão da técnica se adaptar ao paciente e não o paciente adaptar-se ao manejo clínico específico é a maior contribuição.

“Através dos comentários e opiniões dos que foram ou são atendidos por mim, o diferencial é minha forma de entrega. Eu acolho, aprofundo e, sempre que possível, contribuo, oferecendo algumas técnicas ou ‘lições de casa’ que podem ser usadas durante a semana após cada sessão para ampliar percepção, como respiração consciente”, explica.

Mônica vê a psicoterapia integrativa como um horizonte mais amplo, com maior espectro de técnicas e ferramentas capazes de auxiliar nas diferentes demandas e objetivos. “Porém, cada um pode peregrinar entre as técnicas até encontrar a que fizer sentido e se encaixar em suas necessidades quando não se sentir satisfeito", orienta.

 

Como você aborda os pacientes para que saibam o que esperar?


O foco da psicoterapia, independente da técnica, visa proporcionar ao paciente a minimização do sofrimento ou promover autoconhecimento. “Cada um chega a sessão com uma história de vida e uma forma de lidar com ela e com o mundo, e quando opta pela psicoterapia entende que precisa transformar alguns aspectos de sua vida. Desta forma, minha abordagem é pautada no acolhimento e segue com todos os recursos necessários e possíveis para atender sua demanda”, Mônica explica. “Transmito informações sobre meu trabalho e observo quais técnicas poderão ajudá-lo. Uns estão prontos até ao transpessoal, outros, não, então, há o respeito e os limites. Cada sessão se desdobra a partir dos conteúdos de cada paciente’, complementa.

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Você percebe resistência dos pacientes?


Na visão de Mônica, a resistência existe e não é um fator que prejudica só na psicoterapia. “A resistência pode estar atrelada a idealizações, que dificultam a tomada de decisão, por buscar uma perfeição que não existe”, ela explica, complementando com outros exemplos em que a resistência pode ser prejudicial, como a falta de autoestima e autoconfiança, o que dificulta o posicionamento, a interação, a capacidade de escolha e a tomar atitudes. Pode prejudicar até mesmo a mudar a abordagem, no caso da psicoterapia, ou de sair de um relacionamento afetivo, mesmo sendo tóxico.

“A resistência é um dos mecanismos de ‘defesa’ que entram em análise dentro do tratamento psicológico independente da técnica”, explica. Ela pontua outro desafio, que é o foco de atenção e das prioridades, uma reorganização que demanda tempo, mas que, na sua visão, sempre vale a pena.

“A falta de conhecimento gera resistência também”, Mônica Muka.


 

Quais os benefícios mais comuns relatados pelos pacientes?


Mônica comenta que as crises ocorrem e quando ocorrem levam menor tempo para o paciente superá-la. “A partir da superação das crises, o complexo deixa de ser nutrido, já que sua força nutre a autoconfiança”, explica.

Além disso, a profissional também cita outros benefícios comumente relatados, como maior percepção de si, percebendo quais crenças e valores vêm carregando que não pertence a si de fato, abrindo espaço para descobrir os próprios recursos, gerando parâmetros mais realistas na busca de seus objetivos; agilidade e dinamismo e a aprendizagem de técnicas que levam para a vida.

 

Como os resultados podem ser percebidos ao longo do tempo?


“Através da transformação do olhar sobre si, não sendo mais tão relapso ou autocrítico, reajustando também as atitudes com seus próximos e com as situações, tornando as relações mais leves (ou não – cada caso é um caso), viabilizando o fluxo dos movimentos mais conscientes atrelados aos princípios que transparecem no processo do autoconhecimento”, Mônica explica.

 

Como lida com situações em que a psicologia integrativa é a melhor escolha e quais seriam esses casos?


Segundo Mônica, qualquer abordagem é construtiva e tem sua forma de contribuir, assim como a psicoterapia integrativa. “Mas há alguns casos que o processo emperra. Isso pode se dar à resistência ou dificuldades que demandam outros especialistas; um psiquiatra, por exemplo”, explica.

No entanto, com relação a títulos e especializações dentro da área psicológica, a inadequação de uma técnica é algo relativo para Mônica. “Recebi a solicitação de uma pessoa que havia ido ao consultório de uma especialista em determinado assunto, queixando-se que pagou um valor muito alto pela pouca contribuição que recebeu. Iniciamos o tratamento e em poucas sessões ela alcançou o entendimento de seu processo”, exemplifica.

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“Meu ponto de vista é que cada especialista tem seus objetivos e forma de trabalhar. Uns com maior entrega e profundidade, outros, não. E isso não se trata de melhor ou pior porque nem todo mundo quer realmente se abrir ou resolver questões”, Mônica conta, e cita Carl Gustav Jung: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.

Mônica pontua que todas as pessoas podem falhar, que todos possuem luz e sombras, falhas e virtudes. “Gosto de quebrar essa barreira minimizando idealizações perfeccionistas e impulsos sem filtros que a internet estimula e vêm contribuindo no aumento de transtornos por isso”, opina.

Para Mônica, cada um tem suas habilidades, aptidões e escolheu uma profissão considerando o que pode contribuir para a sociedade. “Cada escolha é o caminho ao aprendizado necessário, pois aqui estamos todos aprendizes. E essa é minha maior referência em meu trabalho”, finaliza.

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